sábado, 28 de junho de 2008

Kabuki:"a arte de cantar e dançar”




Como um tipo de reação ao requinte aristocrático, e a moral silenciosa do zen, o kabuki surge como uma forma de expressão popular, baseada na arte do canto e da dança. Trata-se de uma forma de teatro que se origina no sec. XIX, por Izumo no Okuni, e se desenvolve através de comerciantes, que buscavam reagir ao teatro socialmente imposto pelas elites aristocráticas ( guerreiros samurais). Ou seja, uma verdadeira revolução artística, partindo do povo. O kabuki chegou a ser embargado pelo governo japonês, em 1629, por ser considerado como palco de imitações que ridicularizam as tradições religiosas do Japão. Marcado pela elaborada maquiagem utilizada pelos atores, que a propósito são- apenas- homens (inclusive interpretantes de papeis femininos), o kabuki é composto por repertórios extensos e acumulativos. Os palcos, em geral, mais baixos e mais largos que os convencionais, utlizam-se de cortinas vermelhas – ou verdes – com preto. A musicalidade é notada em todo festival; mesmo nos monólogos, a musica é adaptada a plano de fundo. Atualmente, o teatro mistura elementos realistas, a musica, imitações e dança; integrando um grande palco onde as fantasias do público encontram-se com a dos artistas.


“Chikamatsu Monzaemon foi um dos primeiros dramaturgos a escrever textos profissionais para o kabuki. Tornou-se popular pelos seus trabalhos influentes, sendo que o mais destacado de seus trabalhos foi Sonezaki Shinju (Os suicídios de amor em Sonezaki).”


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Pintando traços



“ A perspectiva múltipla: Todo o panorama do ri o Yangtê pode ser apresentado pelo pintor chinês numa folha de papel. Simbolismo: Rompendo os limites do tempo e espaço, a pintura chinesa pode apresentar as quatro estações? Primavera, verão, outono e inverno? Através de plantas, ou a noite escura, através da lua ou velas, raramente enfatizando diretamente a escuridão da noite na pintura. Os efeitos revelados por intermédio de pontos, traços, energia da pincelada, constituem a alma da pintura chinesa.”
(Trecho ritirado do site CRI online)
A história da pintura chinesa remete a mais de dois mil anos atrás. Ao contrário do Ocidente, onde as pinturas, no geral, jogam com as cores - tonalidades claras e escuras, sobreposições, etc. -, no Oriente, em especial na China, as telas pintadas (antigamente consideradas forma de escrita avançada) estão intimamente ligadas à caligrafia: nelas o traço é a forma de expressão mais difundida.
Os artistas da dinastia Sung (960 a 1279), período considerado clássico da pintura e, influenciador de todos ou outros, aprendiam observando e copiando a arte dos mestres.
Os temas de suas pinturas eram basicamente animais e flores, figuras humanas e paisagens do campo, montanhas e mares.
Os pintores, em sua maioria, utilizam-se de tinta negra, preparada a partir de uma barra de tinta sólida e água, capazes de produzir diversas tonalidades e, dos pincéis, dos quais pode-se tirar diversos traços de espessuras diferentes.
A que se pode dizer “base da pintura chinesa”e, considerada o “tesouro do estúdio”, é composta de quatro elementos principais: pincel - também chamado de “ruan bi”, composto, geralmente, por pelo de cabra, coelho ou cauda de doninha. Possui cabo de bambu -;
tinta ; papel – chamado de "xuan" , e feito principalmente de amoreira. Fino, branco e muito resistente-; e o tinteiro de pedra, que por si já é um objeto de alto valor artístico.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

As máscaras da ópera chinesa



"Os argumentos de uma ópera chinesa unem elementos trágicos e cômicos, misturados com canto, dança, narrações poéticas e acrobacias. Trata-se de uma dramatização de feitos históricos e lendas populares.
Em seu humor amável se reflete e satiriza a sociedade, como resultado, instruindo e entretendo."
(Wikepédia)
As máscaras da ópera chinesa, além de utilizadas estrategicamente, constitui um objeto artístico de valor inestimado. Surgidas como derivação das pinturas facias dos artistas da dinastia, Song- sec X -; e de lendas populares tradicionais da China, hoje as máscaras combinam literatura, música, dança e belas artes com wushu* e acrobacia.
Com motivos variados, é através dos traços e das cores que torna-se possível distinguir o caráter, temperamento, qualidades ou defeitos, dos personagem que estão sendo interpretados.
As mascáras, geralmente, são divididas em quatro grupos, e representam cada uma, um tipo de personagem: sheng, velhos; dan, jovens mulheres; jing, mascarados e chou, palhaços. "Sheng", por exemplo, representa os papéis masculinos sinceros; "dan" simboliza papéis femininos positivos; "jing" são os coadjuvantes masculinos e "chou" simboliza os humoristas e pode caracterizar, também, os personagens desonestos.
As cores, igualmente, desempenham um papel fundamental no entendimento da trama. Cada cor carrega consigo, um significado, características e sentimentos próprios do personagem: o vermelho denota bravura; o preto simboliza uma personalidade franca e heróica; o branco representa um ser astuto e insidioso. Sendo assim, o público, ao mesmo tempo que aprecia a caracterização do personagem, também, podem perceber a índole dos mesmos.
Não é por acaso que as máscaras são conhecidas como a "expressão do coração e do espírito" dos personagens da ópera.


*Wushu : é um termo chinês que literalmente significa arte da guerra. Este é o termo correto para o que no ocidente se passou a chamar errôneamente de kung fu

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Hina Matsuri: o dia das meninas.





No Japão, as meninas têm o seu dia! É o Hina Matsuri: dia das meninas ou dia das bonecas, comemorado a três de março.
A tradição antiga, a princípio, denominada Yayoi no Sekku, era dedicada à purificação dos maus fluidos. Acreditava- se que escrevendo males e infortunários em bonecas de papel, e depois as jogando no rio, elas levariam todos os maus espíritos.

O Hina matsuri, também está relacionado às bonecas.Trata-se de um evento, em nome da felicidade e saúde das meninas. Desde o período Edo, famílias nobres utilizavam as bonecas para enfeitar suas casas, e com base na crença, claro, de que as meninas conseguiriam ter um bom casamento.
O primeiro festival de uma menina se chama hatsuzekku e, tem por símbolo - não só o primeiro, mas todo o ritual - o hinadan ( altar das bonecas),no qual elas geralmente estão vestidas com trajes da corte do período Heian.
Embora, a tradição ainda seja mantida no Japão, existem certas dificuldades em relação à disponibilidade de tempo para realização do ritual e o custo financeiro, já que certas bonecas chegam a custar fortunas. Os altares mais simples geralmente de apenas um andar chegam a custar, em média, 100 mil ienes.

Ao contrário do que se pode pensar, quem sustenta o ritual das bonecas não são os pais, mas sim, os avós maternos da criança. Logo que a menina nasce, já é possível presenteá- la com o Hina Ningyo em seu primeiro Hina Matsuri. Kasahara explica que “Quando os avós vão comprar, eles escolhem as bonecas com boas feições”; apesar de todas parecerem iguais, elas apresentam detalhes, rostos e expressões peculiares.

Assim que passa o Hima Matsuri, os pais devem -cuidadosamente!- levar as bonecas para o mais longe possível; caso contrário, suas filhas correrão o risco de não casar, e se casar, bem mais tarde. O cuidado se trata da aplicação de anti- mofos e de caixinhas especias onde as bonequinhas possam ficar bem insataladas. Se não for assim, elas podem ficar ressentidas e não serem encontradas muitos bem nos anos seguintes.
^^

sábado, 7 de junho de 2008

Mistérios do cinema indiano...



Todos os dias, cerca de 30 milhões de pessoas freqüentam as várias salas de cinemas indianos. O número não é de se estranhar, já que a indústria cinematográfica indiana está entre as maiores do mundo, alias, é a maior do mundo, em termos de venda de bilhetes e de quantidade de filmes produzidos. Mas venhamos e convenhamaos, porque os bilhetes, também, estão entre os mais baratos do mundo.

O cinema foi introduzido na Índia em 7 de Julho de 1896 e, desta data aos dias atuais, o seu consumo se estendeu exponencialmente. A razaõ se deve, em parte, ao grande gosto dos indianos pela mistura da dança, música, representação/narração, romance íntimo e calor épico. Os filmes nunca forma considerados como uma inovação; mas, geralmente, são vistos como um prolongamento das manifestações culturais tradicionais: marionetes, kathakali e lanterna mágica. As músicas utilizadas nas trilhas sonoras, quase sempre expressam emoções e paixões, que variam entre o amor, tragédia, triunfo e celebração. É costume usar artistas para cantarem músicas – playback- enquanto os atores apenas sincronizam os movimentos labiais com a voz do cantor.
Os maiores centros produtores concentram-se em Mumbaim, Calcutá e Madras; eles lançam, anualmente, uma média de quase mil filmes. A língua falada na maioria é o Hindi, mas também há produções em Tamil, Telugu e em Malayalam.

O cinema, considerado a maior diversão dos indianos, recebe esse título igualmente, porque incorpora as várias teorias hindus, reformulando-as e restituindo-as em cada produção. Cada filme é experimentado como uma longa viagem, através da qual, o patrimônio mitológico e lendário da Índia é sempre reconstituído.


...O cinema Novo
Além do cinema comercial, existe também um tipo de cinema na Índia, que aspira apenas à seriedade da arte. Este tipo de cinema é conhecido como o Novo Cinema Indiano, mas a maior parte das pessoas da Índia chama a estes filmes de "filmes de arte". Estes lidam com uma grande variedade de temas, mas a maior parte explora as complexas situações e relações humanas.stes filmes também tinham uma exibição limitada em cinemas na Índia e no estrangeiro. A partir dos anos 80, o cinema artístico indiano perdeu em grande parte o patrocínio do governo. Hoje este tipo de cinema é produzido com orçamentos mínimos e usando aspirantes a atores.
(wikepédia)

...Relação passional
Cada indiano se identifica com as personagens a ponto de esquecer, durante o tempo que dura uma sessão, seus problemas e infortúnios pessoais
Esses incessantes intercâmbios, sinais de uma verdadeira forma artística popular, não bastam para explicar a relação passional do público com o seu cinema. Ópio do povo? O fato de que cada indiano se identifica com as personagens a ponto de esquecer, durante o tempo que dura uma sessão, seus problemas e infortúnios pessoais constituem uma evidência. Da mesma forma, há certamente uma parte de verdade nas teorias que associam o fenômeno da projeção de um filme ao conceito de darsan – visão "mútua e benéfica", segundo a qual é possível tirar benefícios do simples fato de ver a imagem santa de uma divindade ou personalidade importante e, simultaneamente, ser "visto" por ela. Embora justifiquem o imenso sucesso do cinema, essas hipóteses não conseguem, contudo, explicar a relação passional dos indianos para com os seus filmes.

( Len Monde diplomatique, agosto 2004)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Chanoyu: a cerimônia do Chá



De acordo com registros históricos, o chá foi introduzido no Japão no século oito, originário da China, e pelo monge Eichu.
Apreciado, a princípio, pelos sacerdotes Zen, o seu consumo logo se difundiu, também, entre a classe superior, com função medicinal e indicador de luxo.
O matcha, como é chamado, por cerca do séc.XIV passou a ser utilizado num jogo chamado “tocha”. Nele, os convidados provavam de diversas xícaras de chás, provenientes de várias regiões, e aos que acertavam na escolha, eram entregues prêmios. Com o grande reconhecimento atingido através desses jogos, às plantações de chá começaram a florescer, e o “Tocha”, gradativamente, converteu-se em tranqüilas reuniões sociais freqüentadas por membros das classes superiores.

O objetivo da cerimônia passou a ser então, envolvido por uma atmosfera de meditação, na qual os participantes provavam o chá enquanto admiravam pinturas, artes e artesanato da China, mostrados num "shoin" (estúdio). Influenciado pelas formalidades e maneiras que regiam a vida dos guerreiros samurais - classe dominante da época - o ato de apreciar a bebida foi dotado de regras e procedimentos que os integrantes da reunião deveriam obedecer. A partir daí surge, então, os fundamentos da "chanoyu".
Mas foi no final do sec. XV, através de um plebeu chamando Murata Juko, que o cerimonial do chá , popularizado na classe superior, passa por modificações e mais tarde torna-se a denominada"wabicha” . Nela, “a sensibilidade é o reconhecimento da ‘verdadeira beleza na modéstia e simplicidade”. No séc. XVI, que Sen-no-rikyu estabelece, por fim, a wabicha, na forma com a qual a "chanoyu" é realizada hoje.

A cerimônia:
“ No Japão, as pessoas, ao serem convidadas para uma reunião de chá, costumam comparecer com antecedência: aguardam sentadas em uma pequena sala, desfrutando da companhia uma das outras e desligando-se das atribulações do cotidiano.O anfitrião terá cuidado da preparação da sala, talvez pendurando um "kakemono" (pintura ou caligrafia sobre papel ou seda, montada sobre um rolo de papel geralmente emoldurado com brocado), acendendo o fogo para ferver a água para o chá e terá também preparado uma pequena refeição caprichosamente escolhida, tudo com o objetivo de tornar a reunião o mais agradável possível.Esse encontro representa a manifestação clara de uma sensibilidade interior que se adquire através do estudo e da disciplina do Chado, o Caminho do Chá.”
(Trecho retirado do Nihonsite)

Em suma...
“O Chá nada mais é do que isto:primeiro você aquece a água,depois você prepara o chá.Depois você bebe adequadamente.Isso é tudo o que você precisa saber”
(Sen Rikky)